sexta-feira, 26 de junho de 2009
Eu matei Michael Jackson
Devagar, dobrei a esquina e fui ganhando quadra após quadra a Av. JK. A noite recém havia chegado e o som alto do carro antecipava o fim de semana. No centro da cidade os mais nervosos disputavam o asfalto metro a metro, seja no sentido bairro-centro, seja na pista contrária.
Colei pelo vidro os malabares comendo solto no semáforo. Atrás dos prédios o céu avermelhado anunciava uma chuva fria que não demoraria muito a chegar.
Viro outra esquina tentando esquecer a quantidade de coisas que deram erradas na semana. No porta luvas uma conta de telefone atrasada, o tanque do carro na reserva, na carteira, cheques sem fundo, cheques pré-datados, e uns trocados que precisam durar até segunda-feira. “Fim de mês é sempre complicado.” A frase, mesmo repetida
mentalmente como mantra, se dissipa nos versos do samba rock que toca no rádio.
Vejo a ultima luz verde do semáforo se apagando, o amarelo passa rápido e o carro na minha frente passa, já vem o vermelho e eu fico. No carro ao lado, uma senhora de meia idade fecha o vidro apressada - óculos fundos, blusa de lã – quase uma caricatura de professora.
De cabeça baixa, nariz meio sujo, cabelo grosso, um menino de pele escura , que mal alcança a altura da janela estica os olhos pra mim. Ele estende a mão, em forma de concha, e a pele branca da palma só não contrata mais com o resto do corpo porque o corpo inteiro está ressecado pelo frio.
Não devo ter compaixão no olhar. Olho com uma dó formal, medida, cauterizada. Vejo que os lábios dele falam, mas o som do carro turva qualquer tentativa de comunicação, respondo que “hoje não rola, to duro mano...”
Vejo aquele olhar vítreo se afastando lento. A luz do semáforo não baixa. O menino vai embora sem dinheiro. Provavelmente ele acha que eu tenha sido esnobado por mais um. Meu olho pesa. A mão aperta o volante com um tanto de raiva, outro tanto é só frustração.
Procuro pelo espelho e nem vulto do menino. E se um sonho dele morreu naquela janela, eu também não escutei porque o menino pobre da pele escura foi embora sem fazer moonwalker.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Regendo o samba fora do compasso
Falando sério,
mesmo tendo chegado atrasado eu quero é cantarolar na janela!
E daí se eu gosto de acelerar nas curvas?
É bom ouvir o pneu riscando o asfalto num scratch perigoso.
Nas retas é melhor ir devagar e apreciar a paisagem.
Lowrider até em Hiroshima depois de 6 de agosto de 45.
Não conheço o uso moderado da força.
Forço a moderação do uso do conhecimento violento na dança.
Minha vida não é dub...
Não dou mole pra delay ay ay ay..
Parece que eu ando sempre em contratempo,
Tipo trompete de jazz em noite de improviso.
E no final das contas, eu adoro samba,
mas é claro que eu não sei sambar.
segunda-feira, 22 de junho de 2009
A CULTURA DA VINGANÇA
“I turn myself into a monster to fight against the monsters of the world.” essa é a frase que abre o refrão de Nemesis, do Earth Crisis. Cantada de forma melódica, no meio daquele tradicional “temporal” metálico que uma das mais importantes bandas vegans de todos os tempos propõem.
A frase caiu como uma luva para mim desde a primeira vez que ouvi, mas “transformar-se num monstro, para lutar contra os monstros do mundo” beira ao clichê! O mundo inteiro pulsa essa mesma revolta a tempos. “Get up! Stand up!” grita Marley, “Fuck you I won´t do what you tell me” é o Rage Against the Machine, “Revenge, I'm screaming revenge again” pro Pantera. Cada um a sua maneira, mas todo mundo querendo ver o burburinho, todo mundo tacando fogo no pavio. Não vou nem citar aqui os trabalhos da 7ª arte, mas não é errado dizer que, sem vingança, o cinema não seria nada.
Mas e porque isso agora? Porque falar de vingança nessas alturas do campeonato?
Na verdade, passei horas e horas tentando entender algumas atitudes. Atitudes minhas, atitudes de pessoas perto de mim, atitudes de terceiros que me dizem respeito. E tudo parece estar ligado, de uma forma ou outra, com um mecanismo de compensação: Sempre tem uma vingança em andamento.
Agora eu me flagro mais uma vez “tirando a cara do tapa”; já me peguei (não por uma nem duas vezes) me antecipando à certas armadilhas da vida e largando a canoa antes do naufrágio – Nesse ponto acho que o texto está com muitas metáforas.
Mas é mais ou menos isso; Nesse curso instintivo de vinganças, me condicionei a não dar segundas chances, a me antecipar, e a dar à vida o que, de ruim, me estava reservado. Falando com um pouco de pompa, de certo modo, isso parece bastante astuto, porém, o que enlouquece mesmo é o “E se”.
E se eu tiver mandado pra longe a mina da minha vida?
E se eu tivesse ficado?
E se eu tivesse escolhido diferente?
Piora um pouco quando você que acaba cruzando com pessoas que também querem se antecipar (por estarem cansadas de levar tapas da vida) e percebe que não é o único “espertão” - Só ai você percebe que só pode estar sub-julgando as outras pessoas. Isso porque você antecipou as escolhas delas antes que elas tivessem chances de escolher; ou pior que isso, você se atribuiu um valor sob ótica de outrem, e esse valor não foi o suficiente.
É isso. Eu andei antecipando o valor que algumas pessoas supostamente colocariam em mim, e antes do “tapa” levantei a guarda e recolhi a cara. Pode ter dado certo na maioria das vezes, mas agora o “e se” toma conta... Eu acho que eu também já fui sub-julgado! Acho que teve gente que não acreditou em mim, e se valorou de forma muito inferior ao que eu faria.
Pior que isso, acho que acabei de dar esse vacilo: sub-julguei antecipadamente, sem direito de defesa; pulei do barco imaginando que ele faria água em breve, e agora, fico convivendo com essas dúvidas todas.
Relendo a idéia toda parece um pouco complexo. Mas não mudo nada. Porque isso é apenas uma tentativa de justificar meus erros e de entender o resto do mundo.
domingo, 21 de junho de 2009
Uma em dez!
D.M.S.
MEU AMOR É MUSICA, MAS A PAIXÃO É HARDCORE
Estou comemorando por esses dias meus 10 anos de palco. De “gosto” pela música são pelo menos 20, mas de “guerra declarada” são 10 longos anos. Cheguei a prepara um texto enorme, falando sobre o dia que eu conheci Public Enemy, sobre as dificuldades de se conseguir matériais das bandas que se lia nas revistas de rock no começo dos anos 90, sobre as camisetas de fundo de quintal e todo o resto, mas são centenas de diversos contos que, por si só, valem histórias – histórias as quais, sem maiores preensões, hei de me dedicar e registrar.
A dúvida
Estou sintetizando as idéias. Não vou descrever esses anos de forma linear, mas sim, já questionei o meu papel dentro desse universo, já pensei em “largar as bets”, já tentei entender o que é essa música. Agreguei valores, descreditei, somei, diminuí, fiz essas contas por várias vezes nos últimos 10 anos, e somente hoje, enquanto dirigia pela Avenida Paraná que eu consegui entender que o resultado disso tudo está na amizade.
Sabe qual é? Estou gravando meu 4º material de estúdio, foram 2 demos e 1 cd com o Bloodshot (fora algumas coletâneas), e agora o EP do Artilleria Pesada, é claro que isso nunca rendeu R$ 0,01, pelo contrário, sempre acaba gastando alguma coisa.
Fora isso, nos últimos anos eu tive oportunidade de ver as bandas que eu mais admiro ao vivo, pude conversar com vários “ídolos”.
Mas o que pega mesmo é as centenas de pessoas que entraram na minha vida por conta desses meios.... (TEXTO INTERROMPIDO)
Interrompido, mas sugestivamente postado ao sabor de Survival of the Streets - Cro-mags
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Enfim, fim de férias!
Que fique registrado isso mesmo: Digão tirou férias! E foram férias de tudo, de jornalismo, de blog, de orkut, de msn, de pessoas, de lugares, férias até de ser Digão.
Até já voltei a rotina tens uns diazinhos, mas fiquei de cara com meu “e-desempenho”, porque acabei apagando o ultimo post sem ter salvo o texto, e pasmem a intenção era apenas colocar outra foto.
Dê role em CWB e SC sem HC!
Confesso que eu não sou acostumado com a idéia de tirar férias, isso porque no meu primeiro “emprego de carteira assinada” eu trabalhei 10 anos (isso mesmo, foram 10 anos num mesmo emprego, na mesma mesa, na mesma cadeira) e tirei (somando eventuais licenças de saúde) coisas de 30 dias de folga. Meio puxado isso né?
E, de repente eu to na praia, em Santa Catarina, em pleno inverno, fazendo nada! O bolso continua vazio, como sempre, mas é uma parada louca.
Sempre tem um iguaçuense...
Cheguei em Curitiba passando um pouco das 20h. Banho pra tirar a nhaca e “vamo ae de rolê com a galerinha”... Porra nenhuma! Puta frio da porra, fome, cansaço, “vamo colar no shopping bater uma chepa e descançar porque amanhã tem mais”.
Entrei no shopping, primeira esquina, escutei o tradicional “O Digão” virei pra ver quem constava e dou de cara com o Child! Bacana né? Mas Curitiba é assim, sempre tem muito iguaçuense.
Uns dias depois, lá no Parque do Beto Carrero, vejo um monte de lobinhos correndo pra um lado, escoteiros correndo pro outro... Na hora me veio a musiquinha do Jamboree na cabeça, “maldita lavagem cerebral” pensei comigo, mas minha missão continuava sendo a mesma: Férias! Eis que eu dobro uma esquina e quem vem lá? D.Jass Kulitch, de lencinho no pescoço e tudo. Abraço e beijinho de amiga gata é sempre bom né? Mas Santa Catarina é assim, sempre tem um iguaçuense.
Dias e dias depois, fronteira amada, cá estou! Colocando trampos e roles em dia. Tem muito mais pra eu escrever, mas posts longos são chatos, eu volto outra hora.
Mudando de assunto: SMACK MY BISHOP!
(Não confunda com aquela musiquinha eletrônica nojenta)
Como a ultima moda são bandas com THE, lá vai a super dica da década: The Freelance Bishops. Uma mistura perfeita de Jazz Funk, com certeza uma das melhores bandas que eu já ouvi, e como eu to de muito bom humor, vou quebrar o galho da geral e deixar o link pra download bem aqui. Moleza né?
sábado, 23 de maio de 2009
O INFILTRADO.
O hotel é mais um pequeno 3 estrelas no centro comercial de Ciudad del Este. Na calçada em frente já se acumulam dezenas de pessoas, de jovens com pouco mais de 20 anos até pessoas mais velhas, todas muito bem vestidas, parece até uma entrada de festa.
Durante o dia, a fachada e os 3 andares do Executive passam facilmente desapercebidas graças ao movimento da cidade quem faz parte da fronteira mais famosa do Brasil. Mas quem está familiarizado com as ruas ali estranha o movimento.
AGEL E O MULTINIVEL NO TERCEIRO MUNDO
A agitação toda tem nome e sobrenome: Agel e o Mercado Multinível. As mais de duzentas pessoas que se amontoam na sala de reuniões do segundo andar esperam por Palo Rubin e Javier Canillas - ambos vindos da capital Assunção.
Palo Rubin é um jovem empresário que ganhou fama e dinheiro como apresentador de televisão. Nos anos 90 “El Conejo” (uma mistura de Faustão com Luciano Huck) chegou a ser um dos mais importantes dentro do Paraguai, hoje, entre outros investimentos é proprietário de uma rádio. Javier Canillas se apresenta como Engenheiro. Inicialmente contém o entusiasmo, fala muito pouco e se mostra muito menos intimo de platéias que Rubin.
Palo Rubin sem dúvidas é uma figura carismática, o comportamento e a aparência negam à toda prova os seus 40 anos, e é ele quem conduz o espetáculo.
A apresentação dos produtos da Agel, a tecnologia de nutrientes em solução gelatinosa, a nanotecnologia, os sabores, os medicamentos, tudo é falado a toque de caixa, simplesmente para justificar o negócio. À primeira impressão, o produto em si não interessa.
“O que realmente interessa é que você entenda o negócio.” Rubin e Canillas são enfáticos nesse ponto.
“Eu entrei nessa sem saber o que era Multinível, e hoje faço 4, 6 palestras por dia, e garanto que é simples” revela o Engenheiro, que afirma ganhar mais de U$ 10 mil por mês com a sua rede contatos.
A proposta da Agel é um investimento inicial de U$ 300, o chamado “pacote executivo”. Através deste pacote, formado por diversos produtos, o “novo sócio” é convidado a conhecer os pormenores da “indústria do bem estar”, formado por emagrecedores, cosméticos, suplementos alimentares e vitaminas, tudo disperso em gel, fruto da mais alta tecnologia, mas fica determinado a incluir 4 novos membros em sua rede de negócios, “recuperando seu investimento inicial e revertendo em lucros.” conclui Rubin.
Diferente de outras propostas de Multinível, onde as pessoas são incluídas como representantes comerciais, na Agel, cada membro é convidado a fazer parte da “cadeia alimentar”, onde os membros mais antigos obtêm lucro pela compra de seus indicados e pelo crescimento da sua rede de negócios.
Não é difícil comparar a proposta da Agel com o esquema de “pirâmides”, aquele tipo de golpe que ficou famoso há poucos anos atrás no Brasil. Talvez a única diferença seja que a Agel baseia seu modelo de negócios em um produto. As pessoas que entram para a suposta “pirâmide” já estão recebendo uma cota de produtos com valor equivalente ao investimento inicial, descaracterizando o estelionato.
Para os paraguaios, as cifras prometidas saltam aos olhos. São U$ 1.100 mensais, a partir da inclusão de apenas 4 membros na sua rede, e esses valores e membros crescem em escala geométrica. “Mais de 50 pessoas no mundo já sabem que é possível ganhar mais de U$ 100 mil mensais com esse tipo de negócio” Intervém Canillas.
A reunião termina quase eufórica. Varias pessoas planejam entre sim a configuração de novas redes de negócio.
Agel no Brasil
Ainda em fevereiro de 2007 a Agel Enterprise encontrou resistências para entrar no Brasil, isso porque alguns de seus produtos contém Hoodia Gordonii, um extrato vegetal, originário da África utilizado popularmente como inibidor de fome e sede, mas que não possui registro na Anvisa.
Atualmente, com as constantes notícias de que a Agel está regularizando seus produtos junto ao Governo Federal, já existe até lista de espera, com reserva de vagas em algumas “pirâmides” pelo valor de U$ 35.
Basta agora saber como a Policia e a Receita Federal vão interpretar o esquema Multinível da gigante multinacional que já atua em 58 paises, e como ficarão as diferenças de valores de importação dos produtos Agel entre o Brasil e o Paraguai.
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Tudo o que eu mais quero
Incitando um mundo que nunca muda
Provocando o fogo
E bebendo pouca água
Não, eu não sou marxistas
Não sou comunista
Não sou anarquista
E não gostaria de ser
Eu sei que eu sou Stroessner
Trabalhando noite adentro
Planejando mais um golpe
Entre a fumaça e o escarro
Não, eu não sou punk
Não sou um hippie nojento
Não sou um workaholic
Mas também não tenho tempo
Eu sei que eu sou Fleury
Arrancando meias palavras
Entre um soco e um palavrão
Enterrando seus planos
Não, eu não sou nazista
Não sou um porco direitista
Não sou tolo esquerdista
Nem tenho pinta de neo-liberalista
Eu sei que eu sou um monstro
Eu sei que eu sou ruim
Eu sei que eu não presto
Mas você é bem pior!
É, você é bem pior!
sexta-feira, 15 de maio de 2009
INEXPRESSIVO
À portas fechadas já estavam se reunindo alguns dos principais cofres da cidade. Cara a cara com eles alguns políticos, na sua maioria, apadrinhados por estes mesmos senhores endinheirados. Eu sabia que estava atrasado e nem por isso apertava o passo. Caminhava quase que como quem caminha para a própria forca. Entrei tentando não chamar atenção, mas o leve solavanco do trinco da porta desviou os olhares em minha direção.
Rapidamente trato de reconhecer as figuras abancadas por toda a sala. Raposas velhas, lobos em pele de cordeiro, um ou outro urubu, cobra, papagaio. Os evangélicos não comentam muito. O judeu, que parece ter sido tirado de um filme de época, é figura menos conhecida da fauna e está bastante agitado.
Cumprimento um vereador pelo caminho, outro e depois outro. Cumprimento um jornalista e rapidamente outro. Sentei sem notar a figura mais ao fundo que passa anônimo para a maioria dos presentes, sem que eu o notasse ele se levanta e vai até lá falar comigo, é um representante da Maçonaria.
O clima é de conspiração: Maçonaria, Evangélicos, Católicos, Judeus, Comunistas, Políticos e nos cantos, a imprensa, colhendo migalhas. Os que argumentam discutem apenas pela prosopopéia de quem quer controlar o mundo, os que se omitem apenas temem represálias.
Saio dali com uma única convicção: Quem pode mais chora menos.
Opa! São duas convicções! A segunda é: Nunca proponha a um judeu que ele ganhe menos, ele pode ferver.
Saio dali apressado, mas não sem passar por uma dezena de apertos de mão.
Dali, direto para um encontro com líderes religiosos.
Aquele templo eu já havia freqüentado quando era criança, não como fiel, mas era obrigado a acompanhar uma babá que orava até mesmo em horário de serviço. Enquanto caminho por um corredor, onde todas as portas possuem câmeras de segurança, tento encontrar alguma coisa que me remeta a minha infância - Mas nada. A porta pela qual sou convidado a entrar não possui trinco, e só pode ser aberta por controle-remoto. “O reino de Deus continua em reformas” penso rápido, mas sou interrompido por mais uma rodada de apertos de mãos.
Sorrisos largos. Humor contido. Educação à toda prova. Mas sinto certa resistência às minhas tatuagens. O tema da reunião agora segue pelos discursos da reunião anterior. Os personagens simplesmente exercem seu papel - nem marxistas, nem chaplinianos – nem de direita, nem de esquerda – nem fedem, nem cheiram – nem nada. Depois de muita conversa alguém deixa escapar que até o plano divino possui interesses nos cofres públicos e privados. E aquela reunião também já havia se alongado por demais. O controle remoto abre a porta, a impressão que fica não é a melhor.
Terceira reunião do dia. A sala, postada ao lado do banheiro, também já estava de portas fechadas quando cheguei, mas ali o protocolo me conferia o direito de entrar sem bater. Sentado do outro lado do granito o homem que havia deflagrado a guerra entre Deus, Judeus, Maçons, Ricaços e Proto-comunistas.
Ri muito, pelo menos por dentro, recapitulando a história que ele deveria saber amargamente, porque eu não dei os conselhos que dei gratuitamente, eu cobrei, e conselho quando é pago, precisa ser muito bom.
Não dei conta de terminar essa reunião sem demonstrar nervosismo com o celular que não parava de tocar. Precisava com urgência mudar de foco, de ares, e de personagens. Ela vamos nós.
Prédio da prefeitura, expediente à muito encerrado, adivinhe só... Portas fechadas! E lá vamos nós para outra reunião, mas não sem antes uma boa rodada de apertos de mãos - o eterno almofadinha, o candidato, o presidente, o ex-candidato, o ex-presidente, o ex-vereador, e mais umas figuras - passava das 18 h e a maioria de nós entrou no prédio que há muito já estava curtindo o fim de semana
“Me explica o INPC que eu quero ver o que deu no IGP-Di. Mudando de assunto o Idebe; E o Dieese, achou ai?” Confesso que eu atropelei um pouco essa reunião por gosto. Não pelo gosto de atrapalhar, mas por manter todos os assuntos sobre um aparente domínio. E o celular mais uma vez denuncia que o meu tempo era escasso.
Saio da reunião sem poder me impor e sem ter certeza de qual rumo esse grupo irá tomar nas próximas 24 horas. Ou seja, em plenos sábado, teremos novas reuniões.
Sexta-feira, 19horas. Reunião de pais e professores.
A reunião é de pais, mas curiosamente eu sou o único pai a estar ali às 19 horas. Algumas mães estão em uma sala ao lado, de porta aberta, outras pelo corredor, mas ironicamente, pai, só tem um.
Meu cérebro da voltas, quase convulsivo, boa parte tentando enxergar algum lucro nessa loucura toda, outra parte tentando fechar articulações boas para que a 3ª reunião colhesse os frutos da 2ª e pudesse melhorar o panorama geral da 3ª isso tudo, dando espaço para as decisões da 4ª, matemática meio orgânica essa. Acordos políticos, jeitinhos, favores, mas volto a reunião entre pais e professores.
Porta aberta, a diretora passa com passos rápidos, volta, uma professora volta, e vai, chamam a mãe que está sentada em um banco (19:10h), eu permaneço de pé, no meio do corredor, em frente a sala vazia, ao lado da sala onde a diretora e as professoras conduzem mais e mais pessoas.
(19:30h) Começam uma reunião, e eu não fui convidado a participar, mesmo tendo chego no horário, mesmo sendo pai, mesmo pagando as mensalidades em dia...
Me ofendi! Postei-me na soleira e fiquei com cara de pouquíssimos amigos. Chega outro pai atrasado, que deve ter se atrasado também para a distribuição de educação, entrou porta a dentro como um delegado do Dops entraria numa reunião de subversivos. Sorte da porta em ter tido a decência de permanecer aberta, fechada estivesse chutada teria sido.
Parece um tanto ficcional, mas após ter sido recebido por políticos, magnatas, mafiosos, religiosos - na tentativa de fazer lobby para tentar mudar o sentido da rotação da terra, ou outro assunto sem sentido - eu esbarrei na carismática figura loira, fora de forma, de pouco mais de 1,50m, que, de portas abertas, não me convidou para entrar, e simplesmente me ignorou como se eu não tivesse nada mais a somar.
Bizarro, irônico, mas fazer o que?
quarta-feira, 13 de maio de 2009
BOOMBOX!
Você já assistiu aquela cena onde o perito vai tentar desarmar uma bomba, dentro de um aparato, com roupas especiais e de repente, "Booom!" A bomba explode na cara dele???, mesmo sem danos maiores, houve falha, houve problemas...
Por um instante eu senti isso mesmo. A bomba explodiu. Fiquei atordoado, senti o deslocamento de ar jogar meu corpo para trás. Senti os ouvidos surdos, a terra fugindo aos pés, revivi sorrisos, lágrimas, alegrias, tristezas, tudo em milésimos de segundo.
Isso foi sim, em menos de um segundo, entre o fim de uma inspirada e uma batida cardíaca; mas passei mais de horas pensando em tudo. Tem várias coisas que eu ainda não assimilei, mas o resultado, à curto prazo, é satisfatório. Apesar de tudo, a bomba mesmo explodida não oeferece mais perigo e ninguém está gravemente ferido.
Já não tinha paixão, tão pouco mágoas, e por certo, não havia esperança e nem vontade, muito menos necessidade de explicações, nem perguntas, nem respostas. Existia um ímpeto impar imprudente insistindo na incoerência, ou simplesmente, uma necessidade.
Necessidade de ouvir, de sorrir, de tocar, e de saber que se perdeu muito sim, porém, não existe necessidade latente de se negar tudo de bom que aconteceu e nem de arrastar magoa ou culpa por erro alheio.
Pela primeira vez na vida percebi a diferença entre encerrar um capítulo dando continuidade a uma boa história e, encerrar um livro matando todos os protagonistas.
Conhecimento sincero, fruto de alguma coisa verdadeira que não vem ao caso dar rótulo, mas enfim, prevalece a amizade e o bom senso.
Poderia escrever muito mais a esse respeito, mas a falta de explicação é um conforto, ou como eu sempre digo: A Ignorância é uma benção!
Continuo em lua de mel, aperta o play e deixa rolar, mas tem que ser ao som de Bellrays... Não vou indicar uma música, mas esse cd de 98 é foda. “Vital Gesture Records”
terça-feira, 12 de maio de 2009
Tempo e Espaço!
A melhor banda da cidade,
A garota mais linda da festa,
Os melhores amigos,
Tudo questão de afinidades...
O melhor disco,
O melhor café,
O melhor sofá,
Questão de opinião...
O melhor sexo,
Os melhores beijos,
O melhor abraço.
Questão de momento...
Interessante é fazer o momento
Acontecer em plena segunda
Sem pretensão.
domingo, 10 de maio de 2009
Não pise na grama!
Seja educado.
Não pise na grama,
admire o gramado.
Não pise na grama,
ela custa a nascer.
Não pise na grama,
ela logo se estraga.
Não pise na grama,
eu peço e repito.
Não pise na grama,
é uma ordem, e suplico.
Não pise na grama,
ela não tem culpa.
Não pise na grama,
existem outros caminhos.
Não pise na grama,
ela não te pertence (mais).
Não pise na grama,
por favor, entenda o recado.
Não pise na grama,
Não pise na grama,
Não pise na gram
Não pise na gra
Não pise na gr
Não pise na g
Poeira. Barro. Sujeira.
Limpe os pés antes de entrar!
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Enquanto o mundo explode, flores numa camisa no bairro...
Quem foi que disse que vingança é um prato que só se come frio? Aproveite com moderação
Não sou do tipo que fica feliz com a desgraça alheia, mas sou humano, e confesso que tive que rir da sua cara hoje. Peguei o jornal para ver o meu trabalho e dei de cara com a sua besteira...
Canoa furada hein? Eu bem que avisei “é um mundo grande... mas é redondo e da voltas!”
Desculpa, não respondi as suas mensagens porque eu não tenho mais o seu telefone. Nem seu e-mail. Nem nada. Na verdade, não fosse você ter me procurado esses dias eu já teria esquecido tudo, ou quase tudo, porque não me faltaram motivos pra dar risadas hoje.
To até agora com uma cara de “e agora José?”... bateu com a cara no muro, e foi feio, mas eu não senti nem constrangimento, to escrevendo mais um pouco pra comemorar.
=> Mudando de Assuntos querido diário. Sexta-feira. Apesar do frio e da chuva nojenta eu vou de INGRATIDÃO – SAMBA DE VELA.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Plano D – RevoluSom
Parece que o mundo todo só funciona bem depois das crises. A Influenza Suína desviou os olhares da ruína econômica mundial... Enquanto isso, 3 da manhã na Aduana Argentina e os Gendarmes usam “máscaras de gás”. Na aduana paraguaia, amanhece domingo, e ninguém trabalha... Esse é o meu mundo.
Eu sei que eu já escrevi alguma coisa parecida com isso ano passado, “a dignidade de um terremoto” não é muito diferente, mas estou pensando num nível bem mais particular agora.
“Dê um rolê, e não se assuste pessoa, seu lhe disser que a vida é boa!”
Novos sons, novos horizontes, ou um jeito diferente de olhar a paisagem. Muita música nova. Muitas idéias recicladas.
Decidi começar um projeto muito diferente. E estou anotando aqui na agendinha virtual pra ter certeza de não esquecer do dia de hoje. É sempre bom ter um plano “B”, porque tudo pode dar errado de uma hora pra outra, sendo assim, eu já estou fugindo pro Plano “D”.
Eu continuo firme na pegada, mas é sempre bom dar uma variada – Fiquei até com ciúmes da musica que eu to ouvindo agora, e não vou deixar de dica pra ninguém. Quer se divertir? Belleruche (compre, baixe, copie ou empreste), tem nome de vinho fino, coisa de gente grande. Mocinha cantando Jazz? Já curto hein...
quinta-feira, 30 de abril de 2009
à Chris Militelli em resposta e agradecimento pelo momento de reflexão,
Juntos cantamos pela paz.
Juntos cantamos contra o sistema.
Juntos cantamos em protestos.
Juntos cantamos por termos esperança;
Na contramão da história, nunca acertamos o compasso do mundo!
O que queríamos ver mudando permanece cruelmente igual
enquanto os velhos valores pelos quais nos encontramos,
esses parecem ter se dispersado como voláteis.
Nunca havia tirado mais que uns minutos para entender essa máquina.
Eu sabia que, sem perceber, eu havia me tornado uma engrenagem.
Eu sou uma peça de uma máquina montada para ajudar as pessoas à escapar de uma máquina.
Porque àquela outra máquina transforma as pessoas em peças, engrenagens...
Dualidade!
Tal qual a luta entre o bem e o mal.
O certo e o errado.
Mas não. Não é essa a resposta.
Em si, nunca fomos bons de respostas!
Sabemos questionar – acusamos – criticamos;
Mas ao contrário das escolas, nunca tivemos respostas prontas,
apenas indicamos os caminhos....
Nessa linha esse texto completa 24 horas.
Nessa linha esse texto completa 48 horas.
Escutei vários discos,
Assisti vídeos antigos,
Olhei fotos de todas as épocas.
Perplexo. Não tenho uma resposta concreta, apenas uma fé.
Agradeço a todos os que vieram antes de mim,
Presto homenagem aos que tentaram,
Fico feliz pelos que compartilharam, mesmo por pouco tempo...
Não é pela música, mas não seria nada sem ela.
Não é pela dança, mas ela é indispensável.
Não são os sorrisos, somos ríspidos
Tem haver com paradigma.
Abordagem sistemática da realidade.
Tem haver com sentimentos
Família, moral, atitude, compromisso
e sobretudo, a amizade.
Apesar de tudo ter evoluído e se transformado,
O estopim continua sendo o mesmo!
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Num mundo de regras unilaterais,
Sinceridade, Honestidade e Atitude – Till I Die!
É tudo o que me cabe dizer nesse momento.
"Soul" sempre Summertime - Hoje ao som de RAPS DE VERÃO 3- Mixtape do Paulo Napoli. Só pra quem aprecia!
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Um peso diferente...
5 mil peças, todas com encaixes arredondados,
Sem tabuleiro, corte de fino acabamento.
Todas perfiladas lado a lado, com a estampa para cima
Esperando para serem ordenadas.
Uma a uma as peças vão compondo uma paisagem marinha
Onde anêmonas, tubarões e arraias posam para a foto.
Volta e meia fogem as peças o encaixe e a paciência em compor a cena.
Mas o jogo é assim mesmo, não tão simples; não tão lógico.
Eis que surgem peças verdes, querendo formar uma árvore
Na árvore tem um passarinho, o passarinho olha alguma coisa que não é um peixe...
Outra cena, definitivamente, mas as peças estão ali misturadas
O molde é o mesmo, o jogo, o objetivo, a proposta.
Não sei quando aconteceu, mas as peças estão trocadas.
E eu só aproveito o meu jogo com as peças que estão com você,
E me divirto vendo você arrumar um pouco do meu quebra-cabeça
ao mesmo tempo que vejo a imagem do seu se formando.
É confuso. Sempre foi.
Ei! Nós jogamos jogos diferentes, que se completam, que ocupam a atenção, divertem e distraem, a única regra era encaixar peças. Mas agora as peças se misturaram e o meu jogo é com você.
Vivendo e aprendendo: Descobri que o Urban Dance Squad não é um One Hit Wonder. Apesar da gente ter ficado com Deeper Shade of Soul saturado na orelha no verão de 93, a banda tem 3 discos fodões, e a dita da música é de longe uma das mais fracas.
quinta-feira, 23 de abril de 2009
O primeiro roque
Marginal, fugindo pela tangente, ofegante,
vendo o rei adiar sua queda por um turno;
O primeiro Flare
Sentindo o mundo parado e os pés nas nuvens
Ouvindo mudo o grito o velame;
O primeiro soco
O beijo, o tombo, o silêncio
E todos os outros quase...
Porque um roque, não é um xeque.
Um flare... Um flare é sempre um flare, mas não tem cheiro de gasolina
Um soco não é uma briga.
Um beijo não é um namoro.
Um tombo não é... Um tombo é só um tombo.
O silêncio não é a falta de barulho.
Mas uma bola na trave aos 45 do segundo tempo faz a torcida sair do estádio revoltada,
Na derrota, no empate ou até na vitória.
É o grito que embarga a garganta,
a ultima alegria do jogo,
é o meio pulo contido com punho cerrado que logo vira um afago penteado
ou coceira na barba...
É o gesto perdido.
(Renovando a discoteca ao som de - Rita Reys At The Golden Circle Club, Stockholm 1963 – EASY TO LOVE)
segunda-feira, 20 de abril de 2009
365 dias!
A parada é 365!
Faltaram posts, mas não faltaram fatos nos ano em que fiquei sem escrever. Vamos começar pelo básico:
EU ERREI.
Não sei te dizer quantas vezes,
nem onde, nem quando,
nem sei justificar os motivos,
só tenho a certeza disso!
Eu errei, muito mais do que acertei.
Porém como bom otimista que “soul”
posso garantir que eu Rodrigo Monzon
estou inúmeros erros mais perto de fazer alguma coisa certa.
Não me atrapalhe nas contas:
Perdi uma namorada, ganhei mais umas amigas.
Perdi meu tempo, ganhei algum conhecimento.
Perdi a noção, e sentei a mão nuns bobão.
Perdi uns quilos, ganhei uns trocados...
A vida foi bem generosa na verdade,
em especial nos últimos tempos,
cheia de grandes momentos,
Sempre de role pela cidade.
Afinal de contas um ano inteiro
E nem é de janeiro a janeiro
21 de Abril.
Porque eu parei pra pensar no tempo
...
..
.
Ritmo e momento
Eu deveria estar pensando em blues
Mas o meu samba de uma nota só prevalece
Num beat imaginário que eu não esqueço
“Che chiquita, te veo tan bonita. Mina minha vida mudou.”
Amanhã é outro domingo. Feriado. Ferrado.
Mas não vou imaginar o que deu errado,
Eu vou apenas mais além,
Querendo fazer a coisa certa!