segunda-feira, 29 de outubro de 2007

IGUASSU COW PAREDE!






“No Rio de Janeiro não se fala de outra coisa” Explica a enviada especial do UP+, ao vivo do Rio de Janeiro. Mas não, nossa “repórter-gerente-amiga” Aninha Dalcin não estava falando da Cow Parede, mas sim, do choque que a população carioca levou ao assistir BOPE-TROPA DE ELITE.

“Tem gente que fica a ponto de perder o apetite, outras evocam os direitos humanos” exemplifica Aninha, citando como referência as amigas com que divide um apartamento em Botafogo.

Mas quem já assistiu ao filme teve apenas uma parte da visão do que realmente é a violência urbana. A minha pergunta é: mas onde estavam essas pessoas? Em que buraco será que elas vivem? Será que essas pessoas já ouviram falar em jornal? Mv Bill? Luis Eduardo Soares? E do não tão saudoso Notícias Populares?
O próprio livro “A Elite da Tropa”, no qual foi baseado o filme, acaba sendo muito mais indigesto. O livro fala de detalhes sórdidos: Escutas telefônicas, envolvimentos do alto escalão, participação de políticos, bicheiros, alto comando, mostra o colarinho branco sujo de sangue... essa sim, uma tropa de elite do crime! O filme é bom, mas é simples, não mostra o quão fundo é o buraco do coelho.


Ta certo, eu me forjei lendo livros que detalhavam processos de tortura, ditadura, já li quase tudo sobre crime organizado brasileiro, e tenho mais de uma década de literatura processual, mas não foi isso que me tornou indiferente. Agora mesmo lembrei de como eu chorei assistindo Zuzu Angel, aquilo pra mim fora inédito, bruto, cruel, covarde. Sempre digo que “Meus heróis não morreram de overdose, morreram no porão”.


Voltando ao raciocínio... O interessante agora é observar o efeito psicológico dessa verdade que começa aparecer. Até então o Rap e os filmes de violência haviam fomentado uma moda onde, não forçosamente, criou-se uma apologia a figura do bandido, do marginal


“Hoje eu sou ladrão, artigo 157, As cachorra me amam, Os playboy se derretem, Hoje eu sou ladrão, artigo 157, A policia bola um plano, Sou heroi, dos pivete..” Canta Mano Brown com a voz distorcida, sem fazer apologia, mas revelando uma realidade das favelas em todo país.


O “Efeito Bope” também foi imediato! Entre os meus contatos de orkut, por exemplo, 2 contatos que não tem uma passado muito límpido, por assim dizer, a algumas semanas atrás já trocaram suas fotos pelo logotipo do BOPE – “Faca na caveira”. Ouvi a história de um amigo meu, amigão ainda por cima, que fez um cara retirar o que havia dito com tapas na cara, no melhor estilo “Cadê o Baiano?”.


Tropa de Elite ou Elite da Tropa, seja lá como você vai consumi-lo, são retratos que faltavam no álbum da nossa percepção. O Bope não é um braço do estado agindo nas favelas, como pensam os humanistas, o Estado mal e mal paga a conta, e nem faz idéia do que acontece na periferia, quando sabe é porque foi prejudicado (financeiramente).


Engana-se apenas quem pensa que essa história não faça parte da realidade de favelas como Bambu, Guarda Mirim, Queijo...


Fica claro que o filme Tropa de Elite serve para ampliar o DEBATE proposto por Luis Eduardo Soares, MV Bill e Celso Atayde lá atrás, no livro Cabeça de Porco. Mas a questão principal é saber até onde as pessoas têm coragem de levantar esse tapete a procura de sujeira... Existem sempre opções, ou você mete o dedo na ferida ao estilo “doa a quem doer” ou a gente pega um mapinha e sai procurando as 200 vacas de fibra de vidro, espalhadas pela cidade maravilhosa!
“Entendeu seu maconheiro de merda?”