Devolvendo ao mundo tudo de ruim que ele nos dá... mesmo antes de receber.
“I turn myself into a monster to fight against the monsters of the world.” essa é a frase que abre o refrão de Nemesis, do Earth Crisis. Cantada de forma melódica, no meio daquele tradicional “temporal” metálico que uma das mais importantes bandas vegans de todos os tempos propõem.
A frase caiu como uma luva para mim desde a primeira vez que ouvi, mas “transformar-se num monstro, para lutar contra os monstros do mundo” beira ao clichê! O mundo inteiro pulsa essa mesma revolta a tempos. “Get up! Stand up!” grita Marley, “Fuck you I won´t do what you tell me” é o Rage Against the Machine, “Revenge, I'm screaming revenge again” pro Pantera. Cada um a sua maneira, mas todo mundo querendo ver o burburinho, todo mundo tacando fogo no pavio. Não vou nem citar aqui os trabalhos da 7ª arte, mas não é errado dizer que, sem vingança, o cinema não seria nada.
Mas e porque isso agora? Porque falar de vingança nessas alturas do campeonato?
Na verdade, passei horas e horas tentando entender algumas atitudes. Atitudes minhas, atitudes de pessoas perto de mim, atitudes de terceiros que me dizem respeito. E tudo parece estar ligado, de uma forma ou outra, com um mecanismo de compensação: Sempre tem uma vingança em andamento.
Agora eu me flagro mais uma vez “tirando a cara do tapa”; já me peguei (não por uma nem duas vezes) me antecipando à certas armadilhas da vida e largando a canoa antes do naufrágio – Nesse ponto acho que o texto está com muitas metáforas.
Mas é mais ou menos isso; Nesse curso instintivo de vinganças, me condicionei a não dar segundas chances, a me antecipar, e a dar à vida o que, de ruim, me estava reservado. Falando com um pouco de pompa, de certo modo, isso parece bastante astuto, porém, o que enlouquece mesmo é o “E se”.
E se eu tiver mandado pra longe a mina da minha vida?
E se eu tivesse ficado?
E se eu tivesse escolhido diferente?
Piora um pouco quando você que acaba cruzando com pessoas que também querem se antecipar (por estarem cansadas de levar tapas da vida) e percebe que não é o único “espertão” - Só ai você percebe que só pode estar sub-julgando as outras pessoas. Isso porque você antecipou as escolhas delas antes que elas tivessem chances de escolher; ou pior que isso, você se atribuiu um valor sob ótica de outrem, e esse valor não foi o suficiente.
É isso. Eu andei antecipando o valor que algumas pessoas supostamente colocariam em mim, e antes do “tapa” levantei a guarda e recolhi a cara. Pode ter dado certo na maioria das vezes, mas agora o “e se” toma conta... Eu acho que eu também já fui sub-julgado! Acho que teve gente que não acreditou em mim, e se valorou de forma muito inferior ao que eu faria.
Pior que isso, acho que acabei de dar esse vacilo: sub-julguei antecipadamente, sem direito de defesa; pulei do barco imaginando que ele faria água em breve, e agora, fico convivendo com essas dúvidas todas.
Relendo a idéia toda parece um pouco complexo. Mas não mudo nada. Porque isso é apenas uma tentativa de justificar meus erros e de entender o resto do mundo.
2 comentários:
primeiro, esse lance de se achar "o esperto" não tá com nada, seu digão. toda pessoa, independente de idade, já tem esse mecanismo de proteção operando automaticamente, para "evitar a fadiga" dos seus sentimentos.
segundo, eu sempre fui cheia dos "e se", depois que eu já tinha abandonado o barco e visto ele afundar sozinho; às vezes é preciso arriscar e voltar atrás, se preciso até pedir desculpas. pq... devemos evoluir, mas sem perder a ternura jamais.
O verdadeiro problema não é quando subjulgamos outra pessoa, mas sim quando supervalorizamos nós mesmos.
Ao subjulgar alguém, o tapa pode doer mais do que esperávamos e nos restará revidar! Mas tendo nossa força supervalorizada, vamos ver nossa vingança sucumbir, que vai doer muito mais do que o tapa...
Claro, isso fica bonito no campo das metáforas... não sei se é aplicável na prática.
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