terça-feira, 22 de abril de 2008
Então assim são as coisas
Pensei em escrever um post assumindo a minha participação na morte da Izabela Nardoni, mas brochei de véspera, ia ser difícil dormir com tanto barulho e eu não ando afim de holofotes. Na verdade, ando apagando as luzes pra tentar dormir... e POR SORTE, antes que eu pudesse concluir esse raciocínio somos atingidos por um terremoto.
Ninguém em sã consciência questiona a DIGNIDADE de um terremoto. Ninguém deu risada da cara das pessoas que saíram dos prédios com medo de desmoronamento. Ninguém criticou as pessoas que abarrotaram as centrais telefônicas de emergência pra falar da terra que tremia.
E por algumas horas nós pudemos ver o canal de notícias falando de outra coisa, sem sangue, sem monstro e sem cara. Na verdade, cheguei a pegar impulso no suposto “fim do mundo” pra ver a lua sem a moldura da minha janela
O dólar caiu. O petróleo subiu. Os bancos europeus estão quase à banca rota. As bolsas de valores estão apreensivas. “Mas eu acho que a culpa é do pai da menina - e parabéns ao tio dela que fez um vídeo - e pobre da mãe, que foi ao show do padre Marcelo – e eu sigo mudando de canal até o Cartoon Network ou o Discovery Kids.
Parece um ritual - eu fugindo, canal após canal. Nem mesmo o avião da Ocean Air que fez um pouso forçado, mandando passageiros para o hospital, foi motivo de notícia boa.
Confesso que tive vontade de gritar: “Eu matei essa menina, agora me deixa ver a corrida da Danica Patrick! Por favor, calem a boca, quero ver o Botafogo!” Até topo ver um jornalzinho, coisa que não tenho por habito mas, por favor, não me joguem mais o sangue dessa menina na minha cara.
Por sorte, o terremoto trouxe um pouco de calma.
segunda-feira, 14 de abril de 2008
Diário Estelar, Abril de 2008 – Em algum lugar da galáxia!
Ao vivo do lado de cá de todas as pontes.
Intróito
Eu poderia começar esse post de forma infame, falando algo do tipo “estou de volta depois de x tempos”, mas a boa da verdade é que eu não voltei, nem fui, e também nem sei qual foi!
Tinha dado um tempo com essa “caqueirinha”®, mas resolvi dar mais uma chance ao pseudo-jornalismo-colunista-virtual. Não que alguma coisa tenha abalado minha fé no ceticismo, pelo contrário, volto pela necessidade de escrever sem ter a certeza de ser lido, porque escrever pra todo mundo ler é quase tão fácil quanto escrever pra por na gaveta, agora, escrever ao acaso é diferente: selecione suas idéias, torne-as sedutoras e esconda-as em uma vitrine!
Post número zero um.
Bienvenido a la frontera!
O princípio da reciprocidade e o fim da diplomacia!
Todo mundo sabe que um Embaixador é um excepcional profissional na arte do “deixa-disso”. Quando as relações entre dois paises são abaladas os primeiros a meterem a colher são os “senhores embaixadores” e a idéia é sempre a mesma: “deixa disso”!
Por mais medíocres que sejam os povos, por mais idiotas que sejam as causas, lá estão os embaixadores; com toda a sua diplomacia, abafando as rinhas, apartando e desembaraçando os “causos”.
Não se iluda ao pensar que não é tão simplório assim. Se um estrangeiro quer algo em terras brasileiras e não consegue, deixe-o procurar sua embaixada e veja o jeitinho “deixa-disso” em ação. É fruto da boa vontade - pega um telefone, avisa daqui, pressiona dali, e cá está seu direito cidadão!
Funciona de forma parecida para brasileiros no exterior. Ninguém elege um embaixador, ninguém faz idéia de como eles são inventados, e com certeza eles raramente figurariam nas páginas da Veja ou da Caras, mas ninguém questiona o poder da ligação da secretária do assessor da Embaixada Brasileira em Abu Dhai, por exemplo.
E tudo isso porque?, Eu é que lhes pergunto: E porque não?
Alguém pode me responder onde estava nosso Embaixador em Madri, o Senhor José Viegas Filho (foto), que não deu aquela meia dúzia de telefonemas pra facilitar a vida dos brasileiros que foram barrados na Espanha?
E agora a tal da reciprocidade, que (salvo grave falha pedagógica do meu professor de IED nos idos de 1999) nada mais é do que a lei de talião (Lex Talionis). Hoje eu poderia arriscar enunciar o principio da seguinte forma “Olho por olho, dente por dente, visto por visto”. Se não nos franqueiam um passeio por Madri nada de banhos em Copacabana. Se não vos permitem Budweisers com salame na feirinha, nada de compras no Muffatão para os portenhos. E assim está, como se certo fosse, sem ninguém ter um motivo concreto para tal desfeita.
Sinto-me no direito de reclamar pelo seguinte: Adoro maldizer os argentinos que atrapalham o trânsito em Foz, da mesma forma que adoro torrar meu portunhol com as garçonetes de Puerto Iguazu. Brincadeira, não que não seja em todo verdade, mas voltando ao assunto.
Opa! Alguém pisou na bola, alguém marcou gol contra, alguém não fez o dever de casa! Na declaração universal dos direitos humanos, e na Constituição Federal, o direito de ir e vir está expresso, mas as pessoas preferem dificultar o simples cruzar de uma ponte, o simples desembarcar em um aeroporto, em nome de uma pseudo-segurança xenófoba, e nós, em nossa ignorância, batemos palma porque também temos a capacidade de fechar nossas portas em ato recíproco.
Apenas pense a respeito!